<<Considerando a nossa dificuldade já atual de realmente compreender e propiciar enquanto psicólogas e psicólogos a modificação e melhora da realidade de pessoas em posição de menor privilégio, de dialogar e construir uma psicologia que contemple as minorias sociais, os trabalhadores e trabalhadoras, a população negra, LGBTQI e as pessoas em vulnerabilidade social como um todo, as/os estudantes de psicologia estão questionando: a nossa instituição quer formar profissionais de psicologia para quê? E para quem?>>
n.º 11, 02/12/2017*
“TEXTOS PARA DISCUSSÃO” (TPD) é uma publicação da Seção Sindical dos Docentes da UNIVASF**
Na última segunda-feira (27.11), em uma reunião extraordinária do colegiado do curso de psicologia da UNIVASF foram discutidos os resultados de mais um grupo temático que faz parte do processo de reforma curricular, em andamento há cerca de 4 meses.
Na reunião estiveram presentes docentes e coordenadores do curso, bem como estudantes/representantes do Diretório acadêmico (DAPSI). Entre as reformas propostas, destacou-se o viés despolitizado e as tentativas de uma psicologia que não toma partido. Ao apresentarem as propostas de reforma, alguns professores passaram a defender a retirada de disciplinas como Ética (onde se discute com mais aprofundamento o código de ética da psicologia, a importância do desenvolvimento ético para a prática profissional, a relação entre ética e direitos humanos e seus impasses teóricos e práticos), e “Políticas Públicas e Compromisso Social” (disciplina em que as/os estudantes tem discussões a respeito da importância das políticas públicas e o compromisso político-social da/o profissional de psicologia, e em que se caracterizam as políticas públicas nos campos da saúde (SUS), educação, assistência social (SUAS) e Direitos Humanos (FH).
Ao se posicionarem contrários à possibilidade de reforma, as/os estudantes presenciaram justificativas como a de que as discussões de políticas públicas devem ser optativas (já que a prioridade é a formação teórico-generalista), e até a comparação dessas questões com áreas como a psicologia do trânsito, alegando que durante a formação não podemos contemplar todas as pautas e elencando como prioridade os saberes científicos de diferentes áreas da profissão. Uma das professoras do corpo docente, também responsável pela disciplina de Políticas Públicas e Compromisso Social deixou claro: “eu gostaria de acrescentar que, em relação a isso, há um prejuízo muito grande na formação de novos profissionais, que devem ser vinculados a uma dimensão política do fazer, além de uma dimensão técnica.”
O Diretório acadêmico da Psicologia, que é construído por todas/os as/os estudantes, posiciona-se veementemente contra a proposta de modificação. A gestão atual, que orgulhosamente apresenta-se com o nome Dandara, está disposta a garantir que a formação dos/as próximos/as estudantes da instituição esteja pautada em uma real compreensão da importância de nos estruturamos enquanto psicólogos e psicólogas agentes modificadores das problemáticas sociais, bem como sujeitos que por obrigação devem se posicionar enquanto combustível de modificação das opressões sistemáticas já existentes, considerando o também processo de adoecimento psíquico que elas envolvem.
Diante da atual conjuntura do país, onde se cogitam escolas sem partido, se atacam discussões pautadas em gênero e sexualidade e acompanha-se a perda de direitos para a população negra, trabalhadora e ataque a real concepção de diversidade, deixar de tomar partido não se configura como uma possibilidade.
Considerando a nossa dificuldade já atual de realmente compreender e propiciar enquanto psicólogas e psicólogos a modificação e melhora da realidade de pessoas em posição de menor privilégio, de dialogar e construir uma psicologia que contemple as minorias sociais, os trabalhadores e trabalhadoras, a população negra, LGBTQI e as pessoas em vulnerabilidade social como um todo, as/os estudantes de psicologia estão questionando: a nossa instituição quer formar profissionais de psicologia para quê? E para quem?
Estamos atentas e atentos, e deixamos o aviso: nenhum retrocesso será aceito. Nenhum passo atrás será dado.
Diretório Acadêmico de Psicologia – Gestão Dandara.

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